sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Narrando - "Segredos sombrios" Cenario - aparição o limbo.


 Um homem de semblante entristecido com um capuz castanho em farrapos se aproximou da igreja. Seu nome era; Afonso Hugeer, ele levava consigo algo a dizer.
Iria de encontro ao vigário da cidade para contar-lhe os acontecidos dos seus últimos infortúnios de seus dias.
Afonso observou os fieis que ainda oravam nos bancos vernizados feito de carvalho da igreja. Nunca havia aceitado as ladainhas de sua mãe sobre Deus e a salvação. Mas agora ele mudou, sabe o que viu. Correu seus olhos fundos por toda arquitetura da igreja, que era velha. Girou os calcanhares a busca do Vigário, e como se o mesmo já esperasse sua chegava ele apareceu. Afonso franziu o cenho ao olhar aquele hominídeo de corpo diminuto com rosto enrugado lhe encarar. O padre estava no confessionário.
O homem hesitou, mas já era tarde, teria de tirar o peso de suas costas. E sem titubear disse;
-Há algo que tenho pra confessar à vossa santidade. Algo que só um fiel poderá escutar e talvez entender.

O padre Aquiesceu e nada falou. Com um gesto leve de sua mão artrítica gesticulou o homem ir ao confessionário. E assim Afonso fez. Agora não tem mais volta.
O homem  ajoelho-se  no confessionário de estrutura evoluída pra época.
Hesitou uns segundos, esperou o padre terminar uma prece inicial.
E começando falar muito baixo deixou fluir seu relato.
-Padre... Nunca acreditei em Deus e tampouco nas delongas que os fieis me falavam. Não sei se existe um inferno mas, se a partir de hoje eu acreditar em tal submundo, direi a ti que é pra esse lugar  que irei.- Afonso pigarreou, e continuou. – Cometi um erro, um erro por amor, mas ainda assim um erro.
O homem respirou fundo, engoliu em seco e por fim disse;
- Pessoas estão morrendo!
O vigário deu um pequeno sobressalto, mas em seguida aquietou-se. Havia muitas moscas no lugar.
Pessoas estão morrendo brutalmente por minha culpa. Pelo meu erro!
Afonso baixa a cabeça, lembrando de seu passado turbulento e seu erro. Continua sua confissão.
- Já faz três dias que ando por esta cidade onde sempre morei e agora percebo que tantos lugares daqui são inóspitos e diferente. - O homem olhou para o breu que a igreja possuía naquele momento. E continuou. – Eu ... Não sei o que estar me ocorrendo mas, algo parece me dominar quando alguém se aproxima de Suzian, minha mulher. Sou tomado por um ódio quando algo estar perto dela. – Afonso entristeceu. Ela me deixou.
O padre só escutava, estava extático.
- Já não dormimos juntos já fazem três dias. Um homem metido a bruxo disse que iria me ajudar. Ele se apresentou como Mallafenths Mirnofis, se dizia filho do grande rei Baali. Ele vai me ajudar.
O padre passou seus dedos finos pelo cabelo alvo e encaracolado.
Afonso prosseguiu.- Estou desesperado padre, pois a cada dia que passa esta ainda mais difícil ver minha amada. O que eu faço?
Um calafrio tomou toda igreja. Algumas velas que ali estavam acessas ritualisticamente se apagaram. Um silencio mórbido varreu toda igreja. O Padre se remexeu..
Afonso começou a se enfurecer, estava sendo tomado por uma raiva embriagante. Desespero. Medo. Culpa. Solidão.
O padre começou a orar, colocando seus braços esqueléticos na sua testa saliente.
A tensão na igreja se alarmou gravemente. Afonso estava se tranformando...
O silencio foi quebrado quando a Abade Carmelinda entrou na igreja com sua bíblia e  seu terço castanho enrolado em seu braço.
E sem delongas procurou o vigário.
- Padre... Padre Hermínio... Trago a ti rumores ruins a respeito de nossa cidade.
O vigário olhou, junto de Afonso também.
A mulher alba de cabelos escuros e lábios sinuosos. Disse;
- A um homem violando nossos túmulos.
O velho deu um sobressalto, saiu do confessionário e se dirigiu a mulher.
- Que historia é essa irmã? Conte-me isso direito!
- Sim padre... Os cavaleiros do conde Vashinter viram um homem encapuzado violando túmulos na calada da noite.
Dois corpos já sumiram. O conde pediu para que lhe informasse.
O padre fez um sinal da cruz, beijando em seguida seu terço de carvalho.
- Devo tomar uma providencia!- O velho Caminhou ate a entrada da igreja, seguido pela a abadessa.
Afonso que ficara calado esse tempo todo, decidiu dizer algo;
- Você vai me perdoar padre!
Afonso sentiu seu corpo endurecer e correu para próximo do padre. A mulher sentiu a aproximação repentina. Ela olhou para Afonso. Que nesse mesmo instante sentiu uma imensa vontade de parar.
Uma voz rouca e sisuda ressoou em sua mente.
Calma Afonso, terá sua mulher de volta e o seu perdão. Estou trabalhando nisso.

*
Afonso acorda de um pesadelo em sua casa, sua mulher ao seu lado.
Tudo estava extático e em silencio. A mulher ainda dormia. Afonso olhou para uma jóia que há anos havia dado pra sua esposa.
Se aproximou da mesa velha e comida pelos cupins.
Levou sua mão surrada de unhas imundas a jóia. Chorou triste pra reviravolta que sua vida tinha dado. E percebeu que ainda no chão que havia as roupas usadas pela sua mulher na noite passada.
Roupas escuras, negras, e tristes.
Afonso olhou para porta e sentiu o quanto se sentia bem naquela casa. O quanto queria sua mulher por perto. Com um olhar cinza ele deixou seus pensamentos falarem;
“Acho que entendo o que esta acontecendo...”








Felipe - "O Toreador"

E- mails : Felipe.zefiros@gmail.com
Zephiros65@hotmail.com
Facebook : https://www.facebook.com/profile.php?id=100002860521515

Narrador
Especialidade : Mundo das trevas
Fortaleza / Ceara / Conjunto Esperança









                                                                         

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Complementando a leitura

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...