sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O vendedor de adagas II

Dando continuidade ao conto " o vendedor de adagas"...


“Fiquei intrigado, mas a princípio pensei ser apenas papo de taverna, mais uma das conversas que se ouve nas vilas por aqui, “povo supersticioso e rude”. “Não se cria dragões, muito menos um menino”. “Ainda mais dentro da bolsa.” --pensava entre uma e outra caneca do velho Turin.
Mas algo me faria mudar de ideia. Quando me virei outra vez, haviam velhos, jovens e crianças já formando uma pequena plateia ao redor do menino e este já havia começado a fazer seu pequeno espetáculo: Ele agora desafiava ”qualquer bravo viajante ou guerreiro destemido!” para um combate. Aquelas palavras, vindas de um garoto de no máximo 12 anos em voz de criança me causaram estranheza, e curiosidade.
Sua bolsa e cesto ficavam escondidos em algum lugar por ali. Ele tinha olhos verdes, e era apenas uma criança de fato, mas o larápio sabia escolher suas multidões, não havia ali aparentemente ninguém demasiado forte ou coisa parecida. Decidi ver isso de perto: “Ei, moleque, eu tenho uma adaga!” --disse um elfo  de manto escuro, deixando suas espadas nas mãos de uma moça muito bela e adentrando no meio daquela roda que se formara como uma pequena arena de rua, à frente da taverna. O elfo tinha uma expressão de zombaria, e ria-se, confiante. “Uma honra, senhor!” – ele respondeu já desembainhando suas duas adagas, de brilho intenso. “Vamos então!”
O elfo sacou sua adaga e partiu em direção ao pequeno com uma ofensiva em direção ao peito, conseguindo cortar uma parte de seu manto, mas a faca passou no vazio apenas, no que julguei ser uma defensiva, esquiva do golpe. Maldito erro daquele elfo, num movimento rápido o moleque já saltava sobre suas costas e já tinha a lâmina a milímetros de sua garganta. Com o cotovelo interrompeu o golpe, “Elfo esperto”—pensei, e vi o menino sendo arremessado há alguns metros pela força desproporcional do elfo. Foi quando o encarei  pela última vez naquele dia: Num salto em direção ao elfo ele avançou, suas lâminas entraram em chamas e avermelharam como brasa, os olhos do garoto refletindo o fogo que agora lambia as roupas  do elfo, colocando-o em chamas e rolando pelo chão.  Liinhue recebia então os aplausos da multidão, que pisoteava o elfo, afoita para comprar “adagas mágicas”.
 “Ou esse moleque é mágico, ou muito esperto” –fiquei imaginando e vendo o garoto encher sua bolsa de ouro. Decidi seguí-lo.”


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