domingo, 28 de outubro de 2012

Tilos – O mestre espadachim


Lembro-me do dia que aquela garota atravessou o pátio e veio até mim. Todos riram quando ela disse que queria aprender a lutar com espadas, mas ela os ignorou e me olhava fixamente. Devia ter uns oito anos, suas roupas estavam rasgadas e manchadas de sangue. Eu devia ter por volta de quarenta anos e nunca havia treinado uma garota e ainda não seria daquela vez. Neguei aceitei o pedido, porém decide mantê-la por perto, havia algo a mais naquela menina.
Dei abrigo à garota e ela cresceu perto das espadas e dos jovens guerreiros, inevitavelmente acabou aprendendo a lutar e eu assumo que muito eu mesmo ensinei. Ela nunca sorria e possuía uma expressão triste. Descobri que seus familiares já estavam mortos, segundo ela alguma doença os levou. Como nunca me revelou seu nome eu a chamava somente de Garota. A medida que ela ficou mais velha começou a sair mais para a rua e voltava sempre tarde, nunca me preocupei com isso, mas dei conselhos de locais a se evitar. Quando completou dezesseis anos chegou até a mim e disse que em breve partiria. Não me disse para onde e quando eu perguntei ela disse que eu saberia logo. E ela estava certa.
Dias depois ouvi um grito na rua que me chamou a atenção. Foi muito próximo de minha casa e resolvi verificar. Quando cheguei havia um homem morto, guardas e transeuntes curiosos já cercavam o defunto. Soube que o homem era um assassino procurado e quem quer que o tenha matado fez um bem ao povo de nosso pequeno vilarejo. Voltei até minha casa e quando cheguei a garota estava em seu quarto. Surpreendi-me ao ver que ela limpava o sangue de uma espada com uma fina lâmina. Eu perguntei de quem era o sangue e ela somente me respondeu que agora o mundo estava um pouco mais saudável. Soube que havia sido ela que matou o assassino. Eu estava um pouco confuso e preferi deixar para conversar depois. Deixei-a sozinha e fui até meu quarto pensar sobre o que deveria falar a ela. Juntei alguns dos cacos de histórias que ela me contava e conclui o porquê dela desejar aprender a manejar a espada. Corri até o quarto da Garota para somente constatar que ela havia partido. Em cima de sua cama um pequeno pedaço de pergaminho com uma caligrafia delicada. Na carta a garota agradecia por tudo que eu fiz por ela. Não havia assinatura na carta e a última frase só meu deu certeza do que eu havia deduzido: “Agora caçarei a doença que matou meus pais”.

Por Rodrigo Silva de Souza

Um comentário:

  1. Muito Bom a historia me lembra da minha Airam quando jogava RPG

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