terça-feira, 13 de novembro de 2012

Entrevista com John Bogéa

Segundo a sua apresentação pessoal, John Borgea é um Publicitário, ilustrador, insone, nerd, rpgista, rocker, assecla de Cthulhu, inquilino da sala 101, viciado em filmes de zumbis, sci-fi e livros de horror.

Inicialmente conhecido  como  um dos vencedores do concurso produzido pela Secular Games: "Faça Você Mesmo: Criação de Jogos ", autor da obra terra devastada e abismo infinito, lançados pela editora RetroPunk, hoje trabalha ativamente com o RPG, destacando-se no cenário nacional entre os títulos "Indie".




1. Como foi o seu primeiro contato com o RPG?

 Ganhei de presente uma caixa do D&D da Grow quando tinha uns 9 anos de idade, minha mãe devia ter achado que era um boardgame qualquer, tipo banco imobiliário, mas com dragões. Devorei o jogo, e, mesmo sem entender direito se estava jogando certo, mestrei várias campanhas. Daí por diante, comecei a me interessar muito por RPG, experimentar quase tudo que encontrava.


2. Quais os sistemas de regras/ cenários de campanha você mais gosta e porque?

 Essa pergunta é difícil. Não tenho um sistema ou cenário preferido, simplesmente não me deixo ter um. Tem muita coisa boa por ai, e eu to sempre me surpreendendo com jogos novos, e curtindo coisas que antes não conhecia. Acho que parte da minha diversão está em conhecer coisas novas.



3. Você já sofreu algum preconceito por jogar RPG? Como foi e como você lidou com isso?

 Não, nunca. Na verdade até brinco bastante em relação a isso com meus amigos. Mas reconheço que os RPGistas, assim como qualquer outra minoria, estão sujeitos a esse tipo de coisa. No entanto, acho que o pior preconceito é o dos próprios RPGistas com o RPG, as vezes a censura maior vem de nós mesmos.


4. O que o motivou a trabalhar com o RPG?

 Não chamaria de trabalho, escrever RPGs é muito divertido, algo que faço nas horas vagas desde garoto, dei sorte desta época ser mais aberta para produções independentes (produções independentes de uma forma geral, não só RPGs). Acho que minha motivação sempre foi ver um trabalho finalmente pronto, ter o feedback positivo dos amigos, de ver que tinha feito um bom trabalho.




5. Atualmente você está jogando RPG com que regularidade?

 Acho que Fiasco esta ganhando na regularidade, jogo quase sempre que saio pra beber com amigos RPGistas (virou meu RPG de bar). Jogo outras coisas também, pelo menos uma ou duas vezes por mês. Ainda não consegui jogar todos os livros que tenho. Como nunca gostei de jogos longos (a idéia de jogar a mesma coisa por meses seguidos nunca me atraiu), acabo não me programando muito pra jogar.



6. Qual a sua opinião sobre a categorização de sistemas Old/new School?

 A minha concepção sobre isso se refere exclusivamente ao sistema de jogo (o que pode entrar em conflito com várias definições que leio por ai). Um jogo Oldschool faz referencia a design antigo, a forma como se fazia as coisas antigamente (RPGs, cinema, música, fotografia), e Newschool seria a forma como se faz as coisas hoje. Por exemplo, o RPG Dark Heresy, do Warhammer 40k, apesar de não ser tão antigo, tem um design Oldschool, enquanto que Este Corpo Mortal tem um design Newschool. Mas entender essa diferença é um assunto que renderia demais pra responder aqui. :)

 A maioria das discussões que li se referiam exclusivamente a cronologia de D&D (e ao poder de improvisação/abstração que novas edições supostamente não davam aos jogadores), e não ao RPG de forma geral. De qualquer forma, New não é melhor e nem pior que o Old e vice versa, são só desenhos diferentes da mesma coisa, não estão competindo, ou pelo menos não deveriam estar.




7. Você curte D&D? O que achou da 4° edição?

Eu gosto de D&D tanto quanto de gosto de qualquer outro RPG, reconheço a importância mas não a necessidade. Gosto do D&D 4º tanto quanto gosto de qualquer outra edição, ele tem coisas boas e coisas ruins igual a qualquer outra edição. Ele é divertido, proporciona um tipo de experiência de jogo diferente dos outros (nem melhor, nem pior, só diferente).

Se eu tivesse que escolher uma edição preferida, talvez escolhesse o D&D Clássico 1º Edição (aquele que elfos, anões e halflings eram classes) simplesmente por que tenho uma ligação emocional maior por ter sido meu primeiro RPG, e não porque de fato ele era melhor que os outros. É uma escolha puramente emocional (isto é, irracional).



8. Você joga mundo das trevas? Prefere o velho ou o novo cenário e porque?

 Minha resposta é parecida com a anterior, as duas versões do cenário são muito legais. O Mundo das Trevas (tanto o velho quanto o novo) tem uma característica bem peculiar: a forte conexão com a década em que foram lançados, o que é muito bom pra um cenário moderno, pois cria uma relação de identificação maior com o jogador. O antigo MdT está tão ligado aos anos 90 quanto o novo MdT está ligado a esta década. No entanto, entre os dois, talvez atualmente eu esteja bem mais encantado com o novo Mundo das Trevas, na verdade diria empolgado.



 9. O que te inspirou a criar um RPG sobre zumbis?

 Eu gosto de zumbis (assim como 90% dos nerds que conheço), e me dei conta que eu entendia bastante do assunto, principalmente no que diz respeito a cinema sobre zumbis. Como já estava com o rascunho do sistema Acepção na cabeça e queria muito escrever um RPG, decidi juntar o útil ao agradável.

Um monte de amigos me ajudaram  no Terra Devastada, principalmente o Fabrício Caxias, que considero o co-autor do jogo.



10. Como você enxerga o mercado rpgistico atual?

 Como autor indie, considero ótimo, e ficando melhor a cada ano. As pessoas estão mais abertas a consumir material nacional, querer conhecer, gastar grana com isso, coisa que não acontecia nessa mesma proporção 15 anos atrás.



11. Assim como você, existem muitas outras pessoas que também sonham em "trabalhar" nesse ramo, afinal de contas, todo mestre que se preze já tentou criar um cenário/ sistema próprio. Qual a dica que você poderia passar para essas pessoas que sonham em publicar as suas criações?

Antes de tudo é preciso ter uma boa ideia, não precisa ser original, mas boa. Eu sempre recomendo que busquem inspirações em livros, filmes ou qualquer outra coisa que não seja outro livro de RPG. Mas, claro, esse é o jeito que eu faço as coisas, cada autor tem seu próprio processo criativo, não existe um padrão.
Depois é só divulgar o máximo possível (mas sem invadir a privacidade das pessoas). É só divulgando o trabalho que as pessoas vão conhecê-lo, inclusive as editoras.

12. Como você também narra, poderia nos passar algumas dicas básicas para os mestres iniciantes que estão lendo o blog?
 Faça um acordo de grupo, pergunte o que os jogadores querem jogar, que tipo de atmosfera e conflitos eles esperam do Mestre e depois diga o que você, como mestre, espera dos deles. Isso vai compartilhar a responsabilidade do jogo, vai fazer com que todos se sintam importantes na construção do mundo imaginário. A função do Mestre não é necessariamente divertir as pessoas, é mediar o jogo, a diversão é responsabilidade de todo o grupo e não só de uma pessoa.

13. Além de jogar RPG, o que mais você gosta de fazer?

Sou publicitário de formação, e faço direção de arte em uma agencia de propaganda local. Também trabalho bastante como ilustrador publicitário. Além disso, tenho um segundo hobby, sou guitarrista de uma banda de punk rock, não sou um bom músico, mas gosto de guitarras.



14. Quais são os seus projetos para o futuro com relação ao RPG?

 Fechados para publicação: Mundo Perfeito (Ficção Científica sobre realidades virtuais) e A Trama (Conspiração). Atualmente estou trabalhando no Mundo Perfeito, pretendo terminá-lo ainda no primeiro semestre do ano que vem.

Fora os projetos pessoais, estou editando o jogo A Fita do Diego Austarete e vou fazer algumas ilustrações para o Little Fears, próximo lançamento da RetroPunk.



15. A Page do Mestre veterano está atualmente com mais de 13.000 seguidores, qual a mensagem que você poderia deixar para todos eles?

 Estamos em uma ótima época para o RPG, no Brasil e no mundo, não passem batido por isso.

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Sucesso decisivos a todos!




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