quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

"Fragmentos da mente de Azrael"


[Matheus Marraschi]

Com a morte de Balthar, Azrael (membro da aliança do escudo) inevitavelmente se distanciou do grupo. O Mago precisava ficar sozinho com seus pensamentos, em uma viagem rumo ao norte do Vale das Sombras, onde o próprio seria encarregado de revelar os últimos acontecimentos nefastos a Aritana. O mago, muitas vezes apontado como a fonte (indiretamente) de todos os infortúnios causados a aliança, sabia que era ele quem deveria ser enterrado, e não Balthar. Portanto ganhar as planícies que levavam a Aritana era tudo que poderia ser feito para aliviar tanta dor. Muitas palavras formavam frases, que por fim resultavam em indagações na mente fragmentada e atormentada de Azrael, que indiretamente se culpava pela morte do companheiro, enquanto o peregrino solitário caminhava a passos lentos rumo ao prólogo de sua redenção.

NOTA: Balthar, o druida (nativo da floresta da fronteira) que caminhava ao lado da aliança do escudo, finalmente descobriu o respondável pela ruína de seus ancestrais. Este era o próprio Azrael, filho de Azamir, membro da sociedade do escudo, e seu amigo! O mago, que possuía uma grandiosidade arcana adormecida em seu corpo franzino, fora dominado por uma runa de Alastarte e forçado a servir seus caprichos (que incluía o extermínio do círculo druídico folha prateada). O ímpeto frenético de Balthar por vingança o levou a atacar seu próprio amigo inescrupulosamente, enquanto Alastarte (a fonte de tanta desgraça) usou de seus dons atacá-lo por trás, conduzindo o jovem druida a morte. Azrael, que sofrera ataques mortais de Balthar sem erguer, sequer, um punho, usou de suas ultimas forças para desferir um poderoso raio contra a feiticeira tenebrosa, que nada esboçou, senão, um olhar de desaprovação para com a sua cria... E isto é relatado abaixo conforme as palavras do próprio mago.

(...)





"Fragmentos da mente de Azrael"
Por: Daniel Macedo

Já era tarde, tarde de mais pra dizer algo, para, sequer, pensar. Seu corpo e sua mente atuavam no tempo, e este pesava em suas costas... Carregara por meses a dor e o pesar de anos. Em seu ultimo suspiro via o mundo a sua volta desmoronar, um aliado voltando contra si, seus companheiros caídos, o triste fim ainda temido, e já previsto, postava-se diante de seus olhos esmerados no vazio, um futuro tão distante e a sorte sequer prometia iludir com esperança o seu coração. Após toda desconfiança, toda estratégia, todo desconforto, batalhas, vitorias e lágrimas, o jovem mago, recém nascido de uma amnésia sombria, encarava seu destino desolado e impotente.

Aquela que era responsável por todos os acasos em sua vida, tinha agora todas as armas, o poder, o dragão e o cetro estavam ao seu lado, enquanto seus companheiros mal se mantinham em pé. Os poucos que restavam, desconfiavam, e o que ainda tinha forças se volta contra ele. Aquela mesma tarde sombria agora deixava escapar um raio ardente do sol tracejando a janela, torneando as possibilidades. Enquanto o druida o atacava sedento por vingança, seus olhos borbulhando fogo, sentia o gosto do sangue, respirava todo o ódio exalado pelo antigo companheiro e, um após outro, golpe a ser desferido contra si.

Voava para sentir um ultimo gosto da liberdade, se protegia de um futuro que não esperava e, enquanto pensava em Selena e nos seus amigos, aquele mesmo raio de sol, aquele ardente como chama ácida, fluiu de sua mão contra sua verdadeira rival. Era uma chance, não de derrotar sua verdadeira inimiga e responsável pelos pesares em sua vida, mas de mostrar aquele mesmo sol, que mesmo fraco ainda brilhava dentro de cada coração ressentido. Realmente o golpe não a matou, mas desencadeou uma serie de eventos, e sua mente perturbada sentia o chão tremer. O vento o arrebatava de um lugar para outro, sentia o cheiro do enxofre, gritos, golpes, trovoes, e gemidos. O pouco de vida que ainda lhe restava o preparava ao juízo final.

Quando finalmente retoma a consciência, pode ver o que sobrou de seus amigos. O cavalo a galopar imponente, enquanto seu domador impotente foge, alegria e tristeza reverenciam o novo ar que respira, em seu peito nada alem da dor, em sua mente a felicidade e o amor, talvez uma magia, uma ilusão que criou. Podia sentir a brisa suave em seu rosto a cada trote, a esperança enchia seus pulmões novamente e tranqüilizava seu sono.

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