sexta-feira, 29 de novembro de 2013

As decisões do mestre

Ser mestre de RPG não é fácil. Além da função de narrador, cumpre a de juiz. Em seu mundo, cada novo acontecimento é uma sentença sua. Não tem como prever todas as situações antes do jogo começar e muitas decisões são improvisadas. Digamos que o grupo será emboscado na estrada por assaltantes gobioides. Quantos são? São poucos, estão mal armados e/ ou desorganizados só porque é a primeira aventura do grupo e todos são de 1° nível? O mundo real não é assim, ele não espera você " subir de nível" para "bater mais forte". Como mestre você deve ser justo, mas o seu universo tem que parecer mais orgânico e menos mecânico. Durante toda a campanha, ir colocando obstáculos que evoluem junto com as forças do grupo sempre me soou algo extremamente artificial. Por exemplo, determinar que um Grifo levou o cavalo do grupo em um voo rasante, parece-me possível, mas foi uma decisão imparcial naquele momento? Fica complicado dizer, já que ninguém é 100% imparcial.

Então como eu soluciono esse problema? A resposta é simples; Jogo um D100. Para decidir as "cenas dos próximos capítulos", eu uso uma amostra simples de possibilidades coerentes com o momento e jogo um D100 para determinar uma probabilidade. Qual? Aí, dependerá da situação. Abaixo eu descrevo dois exemplos para que fique mais claro. Confiram:


Exemplo 1: O personagem está preso em uma cela e foi bem sucedido em abrir a fechadura. Andando pelos corredores do cativeiro, quais as chances de aparecer um guarda fazendo a ronda e surpreender o fugitivo? O mestre poderia simplesmente determinar; " Alguém se aproxima". Ou dizer que o caminho estará livre. Porque sim e porque não? E se naquele exato momento um dos guardas mais fodões do local está de passagem pelo local? Isso complicaria e muito a fuga. Determine isso e os jogadores vão dizer que você está apelando. Não o faça e fica fácil demais. e agora? Role uma porcentagem que eles não poderão reclamar e cria-se um divertido clima de tensão.

Exemplo 2: O personagem é um vampiro e se alimenta de um mendigo em um beco escuro. Quais as chances dele chamar atenção dos mortais? Nenhuma? Dependendo do bairro, discrição do imortal e da época da ambientação ( entre outros fatores), não teria pelo menos 5% de chances? Sim, pequena, mas possível! Já tive em mãos situações que só aconteceriam com 3% de chances e aconteceu! Imagina a euforia da galera na hora...xD

Exemplo 3: O personagem está vasculhando uma cabana abandonada no meio da floresta e pergunta se tem alguma corda? Jogo a porcentagem para determinar se tem e o estado de conservação da mesma ( se ele não analisou bem e a usou, eu anoto e jogo as chances da corda estar desgastada ali na hora que ele usar para dar mais emoção a cena...xD)

Claro que certas situações devem acontecer para permitir o bom desenrolar da história, mas outras são adaptáveis. Eu uso essa tática com moderação e digo tudo o que estou fazendo e porque estou fazendo ao grupo. Assim, todos na minha mesa sentem mais segurança e tem mais um motivo para valorizar as minhas histórias.

Aproveitem esse final de semana para contar boas histórias e rolar muitos sucessos decisivos!

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